Era mais uma de muitas madrugadas insone ainda que o corpo
desejasse o tão sonhado descanso. Não sei porque ainda não inventaram um relógio
para controlar nossos pensamentos. Alguém poderia dizer para o meu: eii psiiiu,
desliga aí. Já está na hora de deitar. Mas, enquanto não conseguem fazer isso, o meu seguia trabalhando. E no meio de
tamanha atividade, me recordei de uma conversa que tive uns dias atrás,sobre o frequente medo das pessoas de estarem juntas. E
a primeira coisa que veio a minha cabeça foi a imagem de um laço e de um nó.
É... para mim os relacionamentos se dividem entre
relacionamentos laços e relacionamentos nós. Se você tiver a oportunidade de
escolher, não hesite em escolher os laços. Seja eles de amor, amizade ou
companheirismo. Mas nunca nós. Laços são doces, nós são amargos. Laços embalam
presentes, lembranças, sonhos e até sentimento. Nós apertam caixas, prendem
fios, sufoca gente. Laço é ato de vontade, precisa de cuidados e de atenção
especial para que não se solte. Nó é obrigação, e por isso é ignorado, pois
convive-se com a certeza de que nunca se desfaz.
Nós são como pontos em frases, fecha orações, pensamentos e acho
até que sentimentos. Laços são como vírgulas, são pausas momentâneas, tem
começo mas não tem fim. Enrosca, mas não enrola. E há ainda alguns céticos que irão dizer
que laços são instáveis, se desfazem com a mesma facilidade de quando são
feitos. Mas você suportaria conviver com a ideia de ser preso? Você conhece
algo ou alguém capaz de sobreviver sob excessos sufocantes? Até mesmo o melhor
dos floristas, se aguar em excesso uma flor, pode levá-la a morte. Li uma vez em algum lugar, não prenda, não sufoque, não escravize. Quando vira nó já deixou de ser laço. Hoje eu aprendi isso. Se puder escolher, embale sentimentos ao invés de sufocá-los, talvez seja por um dia ter sido nó, que agora dou valor aos laços.
Mayra Coimbra
Mayra Coimbra