terça-feira, 16 de abril de 2013

Marinheiro do amor




E o amor acontece. Sem que seja necessário força, pressa, afobamento, ou pressão. Tanto se busca, se atropela, cai, pisa em falso, por não entender que  amar só é bonito quando acontece devagarinho, de levinho, na tranquilidade de dar um passo de cada vez. Na serenidade de não tentar entender o que está acontecendo. Na certeza de que funciona como colocar um barquinho de papel na água, e deixar que a correnteza leve, confiante de que ele vai parar exatamente no lugar que tem que estar. O amor só é bonito quando acontece por acaso, quando se busca motivos para ter acontecido e não se encontra, pois afinal, não foi acaso, algo planejado, nem nada parecido. 
MAKTUB. Simplesmente estava escrito. Escrito nas estrelas, no mar, na lua, na ficha do céu... nas mãos de Deus. Bonito mesmo é quando vem quando tem que vir, quando você se entrega sem saber oque vai dar, apesar do medo e da incerteza do que virá. É deixar rolar água baixo, rio... mar... oceano.
O amor só é bonito quando o mestre marinheiro percebe que a vida a dois se constrói de chegadas, sem se esquecer das partidas. O amor só é bonito quando rouba a identidade, traz a insanidade, e desperta todos os conhecidos e desconhecidos, que habitam o porto (in)seguro que nós somos. O amor só é bonito quando é capaz de enxergar no outro imensidão e mar. Não é sobreviver do que é doce, mas também de tudo que é sal. De tudo que adoça e de tudo que amarga. 
O amor só é bonito quando suporta ondas, tempestades, maré forte, capotes. Bonito mesmo é quando o marinheiro é valente. E sabe que ainda que se tenha, que conviver com a possibilidade de um naufrágio, tsunami ou tubarão, permite entregar-se ao outro por inteiro, de verdade. De corpo, alma e coração. Já dizia o ditado: águas calmas não fazem bons marinheiros. Que dirá, bons amantes. 

Mayra Coimbra

Nenhum comentário:

Postar um comentário