Sempre quando penso em meu pai, a imagem que vem na minha
mente é de quando era pequena e ele me ensinava a dançar. Eu subia em seus pés
, e assim tentava me equilibrar. Não sei porque essa é a primeira coisa que vem
na cabeça quando penso nele. Hoje eu percebo que ele não estava me ensinando só
a dançar. Inconscientemente, ele já me preparava para equilibrar nesse desafio que
chamam de vida. Desde aquele momento, ele me ensinava que apesar de não estar
sempre perto, ele seria sempre meu chão. Ele me ensinava que mesmo sem dizer,
eu teria seus ombros para me apoiar quando a vida me derrubasse. Ele me
ensinava que mesmo estando em baixo me conduzindo, eu seria responsável por
fazer minhas escolhas. E ele confiaria em mim. Ele me ensinava também, que suas
mãos seriam sempre fonte de segurança quando eu me desequilibrasse. Ele me
ensinava que mesmo grande, eu seria sempre a “sua pequena”, dançando sob seus
pés. Ele me ensinava que para aprender a dançar os desafios da vida, é preciso
calma, jeito e fé. E hoje, diante dessa data, fico tentando imaginar o que é
ser o MEU pai. Quais as dificuldades que ele passou por ser pai de uma menina?
O que dizer a ela quando está crescida,
e não cabe mais sob seus braços? O que fazer para livrá-la das emboscadas da
vida? Como reagir, se ao invés de ter que levá-la para cama, precisa levá-la a
festas? Não sei quais dúvidas e medos se passaram na cabeça dele. Mas posso
dizer que ele desenvolveu e desenvolve esse papel com maestria . Ele não
consegue ser dono, nem rígido, nem
controlador. Ele não consegue ser grosso, nem chato, nem possessivo. Ele
simplesmente é, aquele que está ao meu lado. Conversando, corrigindo, cuidando
e amando da forma dele. Sei que ele tem suas muitas restrições, tem dificuldade
de se abrir, de se declarar. Talvez porque não tenha sido criado dessa forma. E
aquilo que você não recebe, você não consegue passar. Mas do modo dele, eu
consigo amá-lo e respeitá-lo. Um dia quando eu tiver um filho, ele será muito feliz
se tiver metade do pai que eu tenho. E
agora, quando fecho meus olhos, a segunda imagem que tenho, quando penso nele, é
de mim já crescida, com 15, 16, 17, 18, 19 anos, abraçada junto a ele,
recebendo suas lágrimas e ouvindo-o cantar: “...15 anos faz agora, é de alegria
que meus olhos choram, meu pequeno anjo que agora fascina, para mim vai ser
sempre minha menina. ” É isso. Desde os 15, venho sendo e serei sempre: sua
menina.
Feliz Dia dos Pais, pai!
Mayra Coimbra
Mayra Coimbra
"Isso é só um cuidado de pai!" :)
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